O TAMANHO DO SEU CÍRCULO

Robson de Oliveira Pinto da Silva*

Quanto de nossa vida é gasto em manter os outros fora dela. Quartos e casas particulares; clubes e escritórios particulares; estradas e praias particulares – em todos, o objetivo é o mesmo: “Isto não é propriedade sua. É minha. É proibido a entrada.”
Naturalmente, num certo sentido, todos tên necessidade de um círculo que mantenha o mundo à distância. Todos nós precisamos de lugares de refúgio. Todos nós somos porcos-espinhos e nossos espinhos são menos incômodos se temos um pouco de espaço em volta de nós.
Mas há outro sentido. Nele, o tamanho de um ser humano pode ser medido pelos círculos que ele traça para envolver o mundo. Algumas pessoas são demasiado pequenas para traçar um círculo maior que elas próprias. A maioria vai um pouco mais longe e inclui suas famílias. Outras ainda traçam a linha nas bordas de seu próprio grupo social, sua própria raça ou cor, sua própria religião ou nação. São muitas as pessoas que possuem a grandeza de interesse e de compaixão para lançar um círculo suficien-temente grande para envolver a todos.
Quanto maior é o círculo, maior é a pessoa e quanto menor, mais mesquinha. Um homem forte não tem medo de pessoa diferente dele, e um homem sábio acolhe essa gente com prazer. Se nada mais sabe, ele sabe que os seres humanos não tem onde viver a não ser na terra, e que, se não quisermos morrer juntos, teremos de aprender a viver juntos. Mas, o homem sábio, provavelmente, também sabe que, quando traça um círculo excluindo seu irmão, faz menos mal a seu irmão do que a sí mesmo. Ele se coloca em reclusão solitária e fecha a porta por dentro. Nega a si mesmo. Priva-se a si mesmo das riquesas de experiências de outras pessoas. Empobrece o seu espírito, endurece seu coração, atrofia seus sentimentos.
Podemos usar também a casa como um exemplo. Se o nosso corpo é essa casa e ela está fechada, deixamos tudo e todos de fora, só observando. As pessoas às vezes buscam algo de novo nesta casa, mas, estando ela fechada, como podem encontrar alguma novidade dentro dela.
Você pode fazer algo e mudar essa situação. Não é tarde demais. Nunca é tarde demais para se libertar, abrir a porta, crescer o círculo e deixar as pessoas descobrirem o que há dentro desta casa e, acima de tudo, ser feliz. Descobrir um mundo de possibilidades, até então, inéditas.
Se tiver fé em si, no próximo e em Deus e expressar o que pensa do outro com uma palavra de carinho, de apoio, de reconhecimento, de bondade e encorajamento, se socorrer a quem precisa, aconselhando-o, estendendo-lhe a mão, dando-lhe ajuda no momento certo, esbanjando amor e solida-riedade, esse círculo pode aumentar.
Que bom seria se todos pudéssemos estar abertos a novas esperiências de uma convivência com outras pessoas. O quanto poderíamos aprender e compartilhar.
Para que isso aconteça é preciso primeiro abrirmo-nos nós mesmos. Que a cada dia busquemos nos conhecer e, assim, conhecer o que há de bom em nós e nos outros.
Se em nosso íntimo tivermos essa consciência, e buscarmos isso de coração sincero, faremos um mundo de menos divisão com mais respeito e igualdade, aumentando este círculo de forma que ele abranja o mundo todo. Depende de cada um de nós para que isso aconteça.

* Seminarista do 1º ano de filosofia

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