Bons tempos aqueles em que ainda existiam esperanças. Hoje, nem mesmo podemos ter sonhos utópicos de uma sociedade melhor, como outrora, pensando em uma sociedade diferente, fizera Platão, na Callipolis, quando a cidade seria governada por um príncipe filósofo ou, mais à frente, Thomas Morus, com a ilha utópica, locais estes onde os interesses pessoais se casariam com os da totalidade social. Se, pelo contrário, podemos também assim sonhar, que eco representariam estes nossos sonhos isolados?
A pós-modernidade, porém, parece refutar claramente as ideias de uma mudança nos padrões. É oportuno ilustrar que a queda do muro de Berlim, em 1989, talvez tenha sido a marca mais evidente da morte das ideias utópicas socialistas utilizadas pelas escolas de Marx e Engels e do triunfo do neoliberalismo e da antiutopia.
Talvez porque o capitalismo seja uma engrenagem tão poderosa que permite que se fuja dele. Para o filósofo Herbert Marcuse, da escola de Frankfurt, a sociedade pós-moderna evoluiu. Isso porque temos tecnologia suficiente para que trabalhemos menos e nos cultivemos mais. Mas não é o que acontece.
A cada dia trabalhamos mais e temos menos tempo para a dimensão da criatividade que, por sua vez, teria a função de fazer com que nos desenvolvêssemos intelectualmente. Parece mesmo um ciclo vicioso! O que se percebe é uma sociedade de consumo, de mais trabalho para satisfazer bens materiais e status e, consequentemente, menos tempo para pensar contra os abusos e a futilidade da sociedade atual.
Em suma, não se trata aqui de uma defesa inocente de ideias utópicas românticas, mas da falta de um novo rumo de uma sociedade, que parece apocalíptica. Ou ainda, da apatia das pessoas frente à sociedade que se configura, de pessoas acomodadas e convictas, que não se mobilizam pela própria libertação.
Paulo Henrique Gomes
1º ano de teologia, SDNSR
Muito bom.
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