Espreitar a si mesmo



Reginaldo Pires Amâncio

2º ano de filosofia, SDSR


No séc. XVIII, o filósofo alemão Emmanuel Kant (1724-1804) afirmou que nunca se conhecerá a natureza da realidade como ela é. Retirou essa conclusão, certamente, ao verificar que as investigações só fornecem respostas às perguntas baseadas nas capacidades e limitações da mente de cada um. Ao formular a ideia em que se propõe buscar o conhecimento em si mesmo, aproxima-se do cotidiano e buscando as impressões deste imenso mundo captadas pelo cérebro, como num holograma, as partes que formam um todo.

Em pesquisas recentes comprovou-se que o cérebro não consegue distinguir a diferença existente entre a ação realizada e a ação pensada, assim, por exemplo, fechar os olhos e imaginar um objeto produz os mesmos padrões de quando se está, de fato, olhando o objeto. Quando isso acontece, exercita-se a percepção. Percepção é um processo complexo com múltiplas fases, iniciada quando nossos neurônios captam informações do meio e as enviam ao cérebro na forma de impulsos elétricos, sendo filtradas a cada passo.

Obviamente não é possível perceber nem processar tudo o que se passa em volta. Diariamente inúmeras informações entram em nosso corpo e são processadas. Elas chegam por meio dos sentidos e, a cada passo, vão sendo eliminadas chegando à consciência aquilo que realmente é importante naquele exato momento. Assim, enquanto você lê este texto, embora seus sentidos captem a temperatura e o cheiro do ambiente, a sensação do corpo de pé, a textura da roupa sobre a pele, os barulhos externos, você está quase desligado de tudo, ligado somente a este texto (e assim espero).

Quando o cérebro não identifica o que os olhos veem, ele busca algo parecido (se parece com...) se não houver nada parecido descarta a informação, (“devo estar imaginando coisas”). É como se existisse uma lista de coisas conhecidas. Mas, se a realidade constrói somente o que já está em nossa mente, como podemos perceber algo novo? O segredo está nos novos conhecimentos. Expandir o paradigma de realidade, fazer novas experiências, estudar mais, dedicar-se ao que gosta... Provocar a própria mente; Espreitar a si mesmo!

Dessa maneira, os hábitos diários são investigados e de repente você se apanha fazendo algo novo. Quando se experimenta a vida dentro das fronteiras do que já se sabe, torna-se óbvio que quando se quer uma vida mais abrangente e mais rica de conhecimentos, com mais oportunidades de crescimento, realizações e felicidades, necessita-se de empurrar para frente, fazendo grandes perguntas, experimentando novas emoções e armazenando mais dados às nossas redes neurais. Algo parecido com o “Avançar para águas mais profundas?”.

“Fazer a si mesmo perguntas mais profundas revela novas maneiras de estar no mundo. Traz um sopro de afrescos. Torna a vida mais alegre. A grande jogada não é saber, mas mergulhar no mistério”. Fred Alan Wolf
(Texto baseado no livro: Quem somos nós? Willian Arntz; Betsy Chasse e Mark Vicente.)


Um comentário:

  1. Parabéns
    Este texto ficou muito bom.
    Continui com este entusiamo filosofico.

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