O dono do armazém zombou dela e pediu que se retirasse do seu estabelecimento. Pensando na necessidade da sua família, ela implorou: "Por favor, senhor, eu lhe darei o dinheiro assim que eu tiver”, ao que lhe respondeu o proprietário que ela não tinha crédito e nem conta na sua loja.
Em pé no balcão ao lado, um freguês, que assistia à conversa entre os dois, aproximou-se do dono do armazém e lhe disse que ele deveria dar o que aquela mulher necessitava para a sua família por sua conta. Então o comerciante falou meio relutante para a pobre mulher: "Você tem uma lista de mantimentos?”. "Sim", respondeu ela: "Muito bem, coloque a sua lista na balança e o quanto ela pesar, eu lhe darei em mantimentos".
A pobre mulher hesitou por uns instantes e com a cabeça curvada, retirou da bolsa um pedaço de papel, escreveu alguma coisa e o depositou suavemente na balança. Os três ficaram admirados, quando o prato da balança com o papel desceu e permaneceu embaixo.
Completamente pasmado com o marcador da balança, o comerciante virou-se lentamente para o seu freguês e comentou contrariado: "Eu não posso acreditar!" O freguês sorriu e o homem começou a colocar os mantimentos no outro prato da balança.
Como a escala da balança não equilibrava, ele continuou colocando mais e mais mantimentos até não caber mais nada. O comerciante ficou parado ali por uns instantes, olhando para a balança tentando entender o que havia acontecido... Finalmente, ele pegou o pedaço de papel da balança e ficou espantado, pois não era uma lista de compras e sim uma oração que dizia: "Meu Senhor, o senhor conhece as minhas necessidades e eu estou deixando isto em suas mãos..."
O homem deu as mercadorias para a pobre mulher no mais completo silêncio. Ela agradeceu e deixou o armazém. O freguês pagou a conta e disse: "Valeu cada centavo..." Só mais tarde o comerciante pôde reparar que a balança havia quebrado. Entretanto só Deus sabe o quanto pesa uma prece.
Daniel patrício Pimentel
Seminarista do 2º ano de filosofia – Diocese de Guanhães
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