Padre Ademilson Tadeu Quirino*
Viver é realmente uma gincana constante do ser humano. Exige-se tudo enquanto o mesmo se acha capaz do nada. Cobra-se tudo e não se reconhece nada. É muito angustiante tudo isso. Nunca se falou tanto em autoestima quanto nos tempos atuais e mesmo assim angustiar se tornou uma constante no dia-a-dia das pessoas.
Às vezes fico pensando: Quando é que poderei ser tudo que exigem de mim? Ou melhor, quando é que poderei ser tudo que que-ro de mim? Não sei qual seria a melhor resposta. Apelamos muitas vezes para o tempo. Ele revelará tudo. “Dê tempo ao tem-po”. Parece algo escatoló-gico demais. Um sofri-mento tamanho para quem busca soluções imediatas para acompanhar o kronos deste planeta. Tudo que é tão fácil, se mostra tão complicado diante de tantas facilidades que a técnica proporciona.
Reler Tereza D’ Ávila no século XVI, talvez pudes-se ajudar um ser que busca tudo e nada ao mesmo tempo. Diz Tereza: “Nada te perturbe, nada te es-pante, tudo passa! Só Deus não muda. A paci-ência tudo alcança; quem a Deus tem, nada lhe fal-ta. Só Deus basta”. É um apelo ao infinito, ao que transcende e deixa trans-cender-se.
Ouvi dizer que a felicida-de não é ter tudo. Parece impossível isso. Não a-creditamos muito nessa possibilidade. Queremos sempre algo grandioso e não reparamos que a vida se compõe de coisas tão pequenas. Ajuntamos o que é tão perecível, estéril e banal. Deixamos de vi-ver as oportunidades reais e simples que o kronos e o kairós nos proporcionam.
Gostaria de percorrer a linha do tempo e do espa-ço para verificar o que realmente é importante. Tudo ou nada: Eis a ques-tão...
* Professor e diretor espiritual no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário.
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