MALANDRAGEM


Erasmo Gomes dos Santos,
2° ano de filosofia



O jeitinho brasileiro representa, em uma expressão de fácil entendimento, a malandragem histórica do nosso povo. Com a qual temos contato desde pequenos e ouvimos constantemente nos meios de comunicação e, indiretamente, presenciamos nos atos das pessoas. Há, por ser tão comum, quem tenha orgulho do jeitinho. No entanto, a ideia do malandro está associada à esperteza, como se houvesse algo de esperto em dizer “odeio político ladrão, mas se estivesse no poder, também roubaria”. O cidadão afirma, heroicamente, que tem orgulho de ser brasileiro e, por isso, naturalmente faz uso do jeitinho, mas não percebe que esta “marca nacional” é uma das impulsoras do nosso retrocesso.

Todo mundo já ouviu falar no “jeitinho brasileiro”: poder, não pode, mas sempre se dá um jeito. Certos jeitinhos parecem inocentes ou engraçados, e às vezes são vistos como sinal de vivacidade e esperteza, por exemplo, quando se fura a fila do ônibus ou do banco. Outros jeitinhos não parecem tão às claras, mas nem por isso são menos tolerados, como notas fiscais com valor declarado acima do preço para o comprador levar sua comissão ou compras sem emissão de nota fiscal para sonegar impostos.

O que intriga nessa história de dar um jeitinho é que, na maioria das vezes, as pessoas sabem que transgridem padrões de comportamento, mas raciocinam como se isso fosse normal, visto que é comum, e contestam: só eu? E os outros? Todo mundo age assim, quem não fizer o mesmo, é trouxa! Quem não gosta de levar vantagem em tudo?

Muitos acham que se trata de virtude a complacência com a qual as pessoas fecham os olhos para esse tipo de atitude. Em todos esses casos, o jeitinho surge como forma individualista que desconsidera as normas da vivência em coletividade.

Considerar que só porque diversos políticos roubam ser uma explicação razoável para exercer o jeitinho, mesmo em coisas menores do que superfaturar uma ambulância, é mergulhar de cabeça em um círculo vicioso, no qual ninguém quer intervir, todos querem participar e muitos sofrem com isso.

Além do famigerado jeitinho, cuja aceitação camufla seu caráter reprovável, no dia-a-dia deparamos com outros tipos que costumamos condenar.

E você, a qual tipo de jeitinho já foi conivente?

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