Josimar da Silva Alves
3º ano de filosofia
A busca pela “liberdade” levou o homem moderno a repensar o seu lugar no espaço. Embora sejamos fruto de uma época, não presenciamos uma mudança de paradigma tão radical, como o homem medieval presenciou na passagem para a modernidade. A sagrada teologia, centrada na fé, vê-se agora ameaçada pela Física, a mais nova rainha das ciências, centrada na razão, que quer levar o homem a dar todas as respostas e resumir o universo em uma única equação para entendê-lo em sua totalidade.
Junto com todo arcabouço racional, a modernidade oferece de brinde a liberdade. Que liberdade? A liberdade do consumo. A modernidade liberta o homem para fazê-lo escravo do consumismo. Mas, mesmo em tempos “modernos”, o homem não consegue romper com o sagrado. E, de repente, lhe é apresentado o majestoso templo do capital, a mais nova e equipada catedral do consumo que muitos tentam profanar chamando de shopping centers. É o novo paraíso. Um templo enorme, que segue a linha arquitetônica das mais lindas catedrais estilizadas, composta por várias capelas e acolitadas por lindas sacerdotisas que cuidam com carinho dos “vasos sagrados”, e vêm ao nosso encontro com um cordial sorriso a perguntar: em que posso ajudar?
No fundo da capela sempre um lindo e moderno “canto gregoriano” que se revela a nós com os mesmos sintomas de embriagues e elucidações causadas pelo lindo “canto da sereia” aos que o ouviam. E quando menos imaginamos, somos tragados pelos ares “sagrados” daquele ambiente. Nesse templo, embora as mesmas, as coisas são sempre belas, não há “trevas”, o tempo é eterno. Se começo a me preocupar, o problema é logo resolvido. Pode pagar no cheque, duas, três vezes no cartão... A primeira entrada é só daqui a sessenta dias, ou se preferir pague tudo em dez vezes sem juros no mesmo cartão. E então o rosto do “homem moderno” volta a tomar formas de felicidade.
Na Grécia Antiga, tão distante da modernidade, o velho Sócrates também saía às ruas de Atenas e era abordado por jovens comerciantes que lhe faziam a mesma pergunta: você deseja alguma coisa? E ele respondia: “sim, desejo continuar observando quanta coisa eu não preciso para ser feliz”. É, parece que naquele tempo as pessoas precisavam de muito pouco para ter “felicidade”... Mas hoje é diferente, a felicidade está em um estoque armazenada no grande templo do consumo onde preciso buscá-la diariamente. No rótulo, a data de validade me indica até quando posso usá-la sem que seja prejudicial a minha estima.
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