O dia-a-dia


Luiz Antônio Pedrosa de Paiva

ano de filosofia


Insípida, fastiosa e monótona é a vida, se a olharmos apenas na ordem cronológica da execução de tarefas. E, inditosamente assim, é que muitos a veem.

Não é necessário ser “letrado” ou ter “anos de janela” para perceber que nossos dias, até mesmo os de um menino, são carregados de muitos afazeres. O dia fica curto, passa ser preciso atropelar a noite e a ordem natural do tempo para se cumprir tudo o que é necessário fazer.

Desde o amanhecer do dia (pois quase não se dorme), o relógio regra, com seu tic-tac insistente, cada segundo da vida do homem, fazendo-o caminhar mais rápido. É assim que o relógio demonstra estar cada vez mais rápido.

Isso de fazer todos os dias as mesmas coisas, nos mesmos horários e nos mesmos lugares – pode parecer coisa de maluco, mas é o cotidiano – consegue irritar e estressar a qualquer um. E este, já irritado, ao olhar para o lado, verá sempre seus companheiros como “máquinas de manobra” que parecem não se incomodar com mais nada.

Então chega o momento, o estalo, o click... E o indivíduo joga tudo pro alto e decide mudar, quebra a monotonia, extrapola, se liberta... Que alegria!

Isso assusta os demais e ao entenderem podem até aderir também à “revolução” e mudar. Que bom! Ou não! Talvez a preciosa atitude daquele que acendeu o estopim tenha sido inesperada, tomada sem que os demais fossem preparados para tanto; assim, mesmo que aderindo à mudança, o faça de modo inconsciente, seguindo agora aquele que a iniciou, tomando apenas outro horizonte que, com o tempo (que continua passando rápido e, por isso, sem demora), vai se tornar novamente monotonia.

Oh, falta de autonomia! Somos condicionados e condenados a vivermos neste, e por este, sistema, no qual o lucro é precioso, o homem o instrumento e o tempo – ah, o tempo – o patrão.


Nenhum comentário:

Postar um comentário