A experiência de fé se apresenta de forma muito particular. A “forma” como vivo a minha fé se difere do modo que outra pessoa vive ou manifesta a sua. Os grandes santos da Igreja viveram ou experimentaram o mesmo Deus de formas diversas. Assim a expressão da fé de cada pessoa se apresenta a partir de como ela se relaciona com Deus. Vivemos em uma época de grandes mudanças. Esta situação em que vivemos influencia muito na experiência de fé das pessoas. Por vezes, percebemos uma fé “descartável”, uso apenas quando estou com grandes problemas. Esta experiência é fruto de uma teologia da prosperidade que é a “cara” da pós-modernidade capitalista. Na qual Deus é obrigado a retribuir o que faço a Ele. A “Teologia Eucarística”, à luz do Evangelho de João, fica totalmente esquecida.
O capítulo I do livro do Êxodo apresenta a situação de Israel no Egito. Os israelitas viviam sob pesada escravidão. Após apresentar a vocação (juventude) de Moisés, em Ex 2,23s, o autor nos diz que Deus se lembra de seu povo: Muito tempo depois morreu o rei do Egito, e os israelitas, gemendo sob o peso da servidão, gritaram; e do fundo da servidão o seu clamor subiu até Deus. E Deus ouviu os seus gemidos. Deus lembrou-se da sua aliança com Abraão, Isaac e Jacó. Deus viu os israelitas, e Deus se fez conhecer... Em seguida, no c 3,7-8, o Senhor vê a miséria e ouve o clamor do seu povo e por isso desce para libertar. Em Lc 7,16, o povo glorifica a Deus dizendo: “um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo”. O evangelista João no seu prólogo diz que o Verbo se fez carne e habitou entre nós (arma a sua tenda entre nós).
A partir destes textos percebemos que Deus se faz presente na história e se manifesta, sobretudo, aos mais fracos e mais necessitados. No texto de Êxodo é Deus quem vê o sofrimento do povo e se dá a conhecer. A experiência cristã nos faz acreditar que Deus, de fato, em Jesus verbo encarnado, visita seu povo e arma sua tenda entre nós. À luz destes textos creio que nossa experiência de fé se torna autêntica quando reconhecemos esta presença de Deus que habita na história e que ouve o clamor do seu povo. Creio também que tanto Madre Tereza como outros grandes santos dos nossos tempos ouviram o clamor do povo e reconheceram nele a presença de Deus. “O que fizestes a um destes pequeninos foi a mim que o fizeste”.
A experiência de fé
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